Os impactos dos resíduos sólidos sobre a água
Um tema bastante discutido é a gestão eficiente da água. Já sabemos que em muitos países a água, substância essencial para a sobrevivência do homem e do planeta em geral, é muito escassa. Há lugares que enfrentam longas e intensas secas. E isso vem se agravando cada vez mais com o aumento da temperatura média da Terra, o que coopera consequentemente para as mudanças climáticas e assim a diminuição das chuvas.
Os resíduos produzidos pelas empresas e indústrias instaladas por todo o mundo são uma preocupação para o equilíbrio da natureza e muito se discute sobre os impactos que esses rejeitos podem causar ao meio ambiente, impactos estes que podem inclusive ser irreversíveis.
A água e a poluição no Brasil
O Brasil é um país onde o modelo econômico e de desenvolvimento dominante, muitas vezes, incentiva um padrão de consumo desenfreado e é conhecido por sua abundância em água doce. No entanto o país vem sofrendo alterações drásticas em sua rede fluvial. O brasileiro gera, em média, 1,062kg de lixo por dia (dados de 2014), e grande parte deste lixo, senão maioria, é destinada incorretamente.
Segundo pesquisa realizada pela CNM (Confederação Nacional dos Municípios) em maio de 2015, 50,6% dos municípios brasileiros ainda não destinam seu lixo em aterros sanitários. E assim, o resíduo sólido está sendo enviado aos lixões, locais estes que por falta de estrutura adequada contribui para a contaminação, principalmente dos lençóis freáticos do planeta.
Não raro, vê-se notícias e denúncias acerca de materiais descartados em locais inadequados para sua destinação, como em lotes vagos, margens de rios e inclusive dentro destes. Resultado do mal costume, vários cursos d’água, riacho, córregos, os lençóis freáticos contaminados, impróprios para qualquer uso do ser humano, além das doenças que o lixo mal descartado pode acarretar.
Alguns números sobre a água doce do país
À medida que a população aumenta o consumo, as empresas aumentam suas atividades e não é feito um controle rigoroso da destinação dos resíduos sólidos, vide a lei 12.305/2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que impõe o fechamento de todos os lixões do país até 2014 e foi prorrogada até 2018, o volume de água que é contaminado e poluído também aumenta.
Segundo dados de 2015 da Fundação SOS Mata Atlântica, em uma pesquisa realizada em 1111 rios de cinco estados do Brasil mais o Distrito Federal, 21 destes rios, a água possui uma qualidade tão ruim que, ainda que seja realizado tratamento, ela fica imprópria para consumo. E ainda não foi capaz de encontrar um rio sequer que fosse totalmente limpo.
Na pesquisa do ano anterior, apenas 11% dos rios analisados tinham sido considerados de boa qualidade. No Rio de Janeiro, uma das principais fontes de água da cidade, o Rio Carioca, hoje é um dos mais poluídos. Ele nasce limpo, porém ao atravessar por baixo da cidade sete quilômetros, ele fica completamente poluído.
As consequências sobre água
Esses números alarmam para um fato de extrema urgência que precisa ser estudado e solucionado: o planeta não suportará o modo de vida que o homem criou para si e vem “aperfeiçoando” a cada dia. O que não falta são exemplos dos efeitos que o descarte incorreto pode causar. O rio Tietê, em São Paulo; o Rio Carioca já citado acima; o Rio Doce, poluído pelos dejetos da mineradora Samarco; Rio das Velhas, em Minas Gerais; entre muitos outros distribuídos pelo território brasileiro.
ONGs, Entidades e Fundações, além do próprio governo, têm elaborado e aplicado projetos de conservação, limpeza e manutenção dos rios. Ainda há muito a se fazer, e cada vez mais o Estado vem contando com a ajuda das pessoas. É necessário que todos se conscientizem a respeito do tema. Que todos entendam que a água na velocidade que é consumida e no abuso que há desse consumo, vem se tornando um recurso não renovável, uma vez que está havendo escassez dela e com o aquecimento global e o efeito estufa, as chuvas têm diminuído bastante.
Uma reflexão a cerca da escassez de água
“Essa escassez que a gente vem enfrentando, a falta de água, esses dados revelam que não é porque nós não temos água. É porque nós deixamos vários rios, grandes rios que cortam cidades indisponíveis por causa da poluição. A gente teve um grande descaso com esses rios por falta de saneamento básico”, diz a pesquisadora, Malu Ribeiro, do SOS Mata Atlântica.
Não haveria crise de abastecimento de água como houve no ano de 2015 se existisse um maior cuidado com os rios e com o descarte apropriado do lixo produzido por cada um, seja pessoa, seja indústria.